Você me conhece?
Você ainda me conhece?
domingo, 30 de março de 2014
sexta-feira, 28 de março de 2014
A um ser com fantasia de humano e coração de rã
But I'm a creep. I'm a weirdo.
Foram suas palavras de madrugada.
Somos duas aberrações abandonadas em cápsulas pressurizadas em direção à Terra. Explodimos no chão, mas antes, fomos desintegrando na atmosfera. Nossos antigos corpos viraram uma massa marrom-verde.
Nós seríamos realmente aberrações neste planeta? Ou as aberrações seriam eles?
Eu queria te contar que eu não me importo. Contanto que sejamos em par. Sejamos como as forças do homem da maçã. Forças que só existem em duas. Contanto que sejamos um quebra-cabeça.
Nós nos movemos entre eles. Todos nos olharam com nojo. Será que foi porque deixamos nossa gosma de tristeza pelo caminho? Não precisa voltar para limpar, eles já estão se banhando nela como porcos de grife.
Devíamos nos esconder... Em peles de anfíbios, pois eles são frios como nós. Mas eles são mortos pelas mãos humanas, ser. E nós já morremos antes. Ainda residem as marcas em suas costas e em meus olhos.
Compraremos fantasias de homem e mulher. Mas me deram a fantasia errada!, seria eu homem ou mulher? Agora sequer sei.
Nossas fantasias são de segunda mão, talvez quinta. Elas não são notadas na rua. Somos invisíveis. Talvez tenham pintado elas com uma substância que nos retira desta sociedade mais uma vez. Nós somos as estranhas aberrações sem nome, sem crédito.
Julgaremos todos seus atos por contraporem-se aos do nosso mundo, mas antes tentaremos compreendê-los. Por que é tão difícil entender as atitudes dos humanos, ser? Por que é tão difícil misturar-se a eles? Você tem toda uma viagem de ônibus para me explicar. Vamos debater também o porquê deles excretarem em pé, ou sentados. Esses humanos são tão bizarros.
Ser, suas lágrimas de sangue misturaram-se às minhas e eu não reconheço mais a origem. Somos como fontes de incertezas e temores, um jato interminável, um chafariz constante. Não feche seu fluxo, seu líquido preenche o vazio da minha fantasia.
Esses corpos ganharam vida própria e eles separam nossos habitats, mas uniram-nos nos nichos. Então, enquanto usa suas pernas de rã para ir pra casa e eu uso as minhas de humano, olhe para a Lua e lembre das coisas que eu disse. Eu olharei para as estrelas e verei as faíscas dos fogos que morrem depois de terem seus instantes de glória plena.
Serzinho, dê-me suas bombas. Você não me deixou as engolir. Minha carcaça já estava quebradiça das explosões internas, mas eu não queria trocá-la. Queria que ela terminasse de se fragmentar. A sua estava tanto quanto a minha, mas ainda assim, você tomou uma das dinamites da minha mão e a engoliu pelo sorriso. Ela explodiu dentro de você e eu recebi a pólvora no rosto. Eu fiz desenhos de andarilhos no rosto com ela.
Retiremos nossas fantasias, meu amigo, e nos espalhemos por esse ônibus como as coisas que sempre fomos: aberrações desconexas do mundo. E eu prometo dessa vez segurar suas mãos horrendas e uni-las às minhas em uma fusão.
Ser, nós transbordaremos por esse ônibus até chegarmos aos céus. Quando lá chegarmos, você poderá se tornar a rã que salta sobre as estrelas, fazendo-as desempoeirar o brilho e reluzir, que eu estarei aqui, formando uma poça na Lua observando seus saltos luminosos, serzinho.
Espero que escute, da estrela onde pisas, um murmúrio desafinado e saudoso de quem canta uma música para alguém que segue, enfim, feliz.
I wish I was special. You're so fucking special.
Adesivos
O seu corpo não é mais seu
A sua cultura não é mais sua
Eles arrancaram pele por pele
Deixaram só os ossos
Modificaram os ossos
Tiraram algumas costelas
Colocaram uma nova carne
E uma nova pele
Retiraram suas pinturas no rosto
Deixaram seu semblante ordinário
Afilaram seu nariz
Trocaram sua sobrancelha
Eles esticaram seu rosto
Te obrigaram a sorrir
Puxaram mais
E você agora ri feito idiota
A sua tradição foi corrompida
O traço de seu povo foi manipulado
Eles te impediram de ser diferente
Roubaram você de si
Afirmaram clarear sua mente
Clarearam apenas o pigmento do seu dente
Transformaram você em robô
E aprisionaram seus sentidos
Cegaram sua voz
Emudeceram seu olfato
Impossibilitaram os seus ouvidos a cheirar
Tornaram inaudíveis seus olhos
Eles trancafiaram você
Te isolaram para dominar
Isso aguçou seus pensamentos
E você se tornou um mal
Você resgatou seus cabelos
Você rachou o capacete (que te deixava no escuro)
Você redesenhou seu semblante
Você recuperou seu corpo
A sua cultura não é mais sua
Eles arrancaram pele por pele
Deixaram só os ossos
Modificaram os ossos
Tiraram algumas costelas
Colocaram uma nova carne
E uma nova pele
Retiraram suas pinturas no rosto
Deixaram seu semblante ordinário
Afilaram seu nariz
Trocaram sua sobrancelha
Eles esticaram seu rosto
Te obrigaram a sorrir
Puxaram mais
E você agora ri feito idiota
A sua tradição foi corrompida
O traço de seu povo foi manipulado
Eles te impediram de ser diferente
Roubaram você de si
Afirmaram clarear sua mente
Clarearam apenas o pigmento do seu dente
Transformaram você em robô
E aprisionaram seus sentidos
Cegaram sua voz
Emudeceram seu olfato
Impossibilitaram os seus ouvidos a cheirar
Tornaram inaudíveis seus olhos
Eles trancafiaram você
Te isolaram para dominar
Isso aguçou seus pensamentos
E você se tornou um mal
Você resgatou seus cabelos
Você rachou o capacete (que te deixava no escuro)
Você redesenhou seu semblante
Você recuperou seu corpo
quarta-feira, 26 de março de 2014
Receita de performance e poesia
Adicione:
papel adesivo
cabelos despenteados
fotos sucessivas
seu rosto
e uma boa pitada de subjetividade
E então, teremos uma performance e um texto sem falas.
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