Existem dois lados da sobrecarga. Um é o cansaço, a falta de tempo, o estresse e a inutilidade para diversas coisas. O outro é saber que você está sendo um pouco útil na vida, que tem compromissos como qualquer pessoa responsável. Dizer para todos: "eu não posso, tenho muita coisa para fazer." ou "estou sem tempo" e até mesmo se queixar com certo orgulho: "eu estou exausta".
Sempre entro em dicotomia; inútil versus útil. Não sou só eu, sejamos francos. Os humanos são indecisos, frágeis, nunca têm certeza de nada, vai ser sempre "eu acho", "talvez", "provavelmente"... 'A raça superior', como se fôssemos. Acredito fielmente em outros seres, em vida nas outras galáxias, nos outros planetas, nas outras formas de mundo seja lá como são. Não é possível sermos os únicos imbecis neste universo. Mas voltemos para a questão: eu.
Agora a verdade. Por trás de toda essa sobrecarga, meu corpo e meu encéfalo estão clamando copiosamente por um minuto de paz. Sei que estou deixando muitos deveres passar, me tornando novamente um nada que se preocupa com nada, sente nada e vive por nada. E quando tenho um único dia para aproveitar, eu realmente aproveito; e adivinhem o que eu faço: nada! A essa altura já devem estar se perguntando porque continuam a ler, se quiserem podem ir, quem se importa? Eu não.
Há lacunas nos meus pensamentos que precisam ser preenchidas. O tempo está me tirando duas das coisas mais preciosas que eu tenho: o pensamento e a imaginação. Não posso viver como uma demente, não de fato, mesmo assumindo que em diversos momentos posso me autodenominar assim. Gosto de refletir sobre a vida, sempre fui uma pessoa que tira um dia para ser monótona e distante do momento, vagando. O silêncio é tão bom. A solidão também. Não que eu não goste de companhia, é óbvio que eu gosto.
Eu perdi esses meus momentos íntimos comigo mesma. O tempo que sobra é parar um momento, ainda em pé, mirar para um canto qualquer e imóvel, estabilizar a visão e alçar voo e tentar pensar e não pensar em nada, eliminar todo seu resquício de raciocínio. Tentem. Depois você volta de repente, em um susto. Quando perguntam "no que você estava pensando?". Nada, em tudo. Esses pequenos segundos são importantes. Nossa capacidade humana não consegue compreender a corrente de imagens e situações que passou como um raio, mas você sabe que passou. Isso é o que vale.
Ontem - e o ontem depois de eu escrever isso pode ser qualquer dia - eu deitei finalmente na minha cama, sem ter nada para fazer a tarde e repousei. Foi bom, porém eu queria ter pensado. Fatos da vida que precisam da minha explicação. Teorias criadas por mim e que só irão ser usadas por mim porque para os outros podem ter pouco sentido, mas justificam tudo. Conclusões acerca do que é comum, transformá-las no diferente. Poder seguir minhas ideias a todo custo e depois de muito raciocinar poder descansar enfim. Afinal, tenho um sério problema: não consigo relaxar antes de sonhar.
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